quinta-feira, 8 de setembro de 2011

NOSTALGIA!

                     A sandália num pé era havaiana branca, no outro, tio-tio vermelha...
 

    Tempo em que sequer sonhávamos com geladeira... Enquanto num fogão a lenha o fogo nos enchia com sua fumaça  a cozinhar nosso alimento,numa velha prateleira as latas de alumínio  reluziam escondendo dentro de si um amontoado de banhas a conservar nossa escassa carne de porco ou boi.O velho pote d'água também chamado de talha ,ou no filtro de barro que um dia pudemos adquirir guardava nossa água e com era deliciosa!  O valioso passeio com nossos pais ao visitarem nossos amigos que moravam a dois ou três quarteirões de nossa velha moradia.Quanta festa numa saída tão curta,porém nós considerávamos o passeio dos deuses,tamanha era nossa alegria.As brincadeiras de pique, o esconde-esconde,o boutiqué,passar anel,caí no poço ou as cantigas de roda onde se misturavam meninos e meninas e tudo que queríamos era simplesmente brincar,numa liberdade colossal,enfim,as brincadeiras da inocência hoje inexistente!
    Saudade de dona Marlene,professora primeira e mui querida,do vizinho que nos emprestava o açúcar enquanto lho emprestávamos o sal...Saudades da água que era buscada de madrugada enquanto caiamos de sono e este era despertado com a velha lata d'água na cabeça... O tempo passa e a recordação me traz saudades...Nosso primeiro carrinho que um dia foi por papai "construído."Não há mais o carrinho,de nosso pai só resta lembrança,ambos já não existem mais.As coisas simples de meu tempo de criança embora me encham de saudades,são boçais aos dias de hoje.O brincar tornou-se coisa séria e o esconder tornou-se real,a realidade é oculta por um falso ter e ser. Comem-se costelas e arrotam-se filé...As brincadeiras que nos magoavam transformara-se num tal de bulling, e as consequências são funestas, as meninas que outrora eram apenas estudantes na mesma idade hoje são mães.
    Um dia estudamos à luz de vela, lampião, lamparinas...Hoje temos a energia elétrica, as pesquisas antes feitas nos livros hoje é facilmente encontrada na internet e no famoso copie e cola tecnológico, aprendem-se menos e passam de ano com incrível facilidade. Visitar parentes e amigos...Emprestar algo para complementar o almoço são coisas de um passado distante, a simplicidade de criança? Nem no berço! Lembro do meu tempo de escola e sinto vontade de voltar no tempo e ser criança outra vez. Criança da periferia,quando a sandália num pé era havaiana branca, no outro, tio-tio vermelha, e ainda assim éramos felizes.
    Na sala hoje temos a TV, o computador... A energia elétrica substituiu as velhas lamparinas, lampiões e velas. Antes não conhecíamos o famoso e quase ultrapassado orelhão, hoje temos o celular,objeto de extrema necessidade e sem o qual não conseguimos nos imaginar. Trouxeram-nos um mundo de tecnologia e nos ensinaram que não podemos viver sem a mesma... Tenho sim, muita saudade do meu tempo de criança rica de nada, porém não,pobre de tudo. A maior riqueza se perdeu no tempo, ali ficou a lisura, ali jazz o amor ao próximo e a saudade é tudo que restou de quando a miséria não fazia marginal e a educação embora rígida não era boçal.
    Ha! Se pudesse,voltaria no tempo e sorrindo outra vez calçaria num pé havaiana branca e no outro tio-tio vermelha,mas certamente viveria feliz com a simplicidade que outrora me fez criança e me ensinou o caminho  para ser verdadeiramente homem!

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